A nomofobia — termo derivado de no-mobile-phobia — descreve o medo, desconforto ou ansiedade intensa ao ficar sem acesso ao celular, seja por falta do aparelho, ausência de sinal ou bateria fraca. Embora inicialmente estudada em adultos, pesquisas recentes mostram que esse fenômeno tem afetado de forma crescente crianças e adolescentes, que hoje utilizam dispositivos móveis desde muito cedo. A infância e a pré-adolescência são fases cruciais do desenvolvimento emocional e cognitivo. Nelas, a autonomia, o autocontrole e a capacidade de lidar com frustrações ainda estão em formação. Quando o smartphone se torna uma fonte permanente de estímulo e recompensa, o cérebro infantil passa a buscar esse acesso continuamente. Conteúdos rápidos, notificações constantes e interações das redes sociais reforçam esse comportamento, criando um ciclo de dependência que se intensifica com o tempo. Entre os sinais mais comuns da nomofobia em jovens estão irritação exagerada ao ter o celular retirado, necessidade de checar mensagens repetidamente, dificuldade de se concentrar em tarefas sem interrupções e ansiedade antecipatória diante da possibilidade de ficar desconectado. Estudos apontados por Yildirim (2014) e complementados por pesquisas brasileiras mostram que essa dependência está relacionada a prejuízos no sono, aumento de estresse, queda no desempenho escolar e isolamento social. A pandemia de COVID-19 ampliou ainda mais esse quadro. Com aulas remotas e diminuição das interações presenciais, muitos jovens passaram a utilizar o celular como principal meio de contato com o mundo exterior. O hábito persistiu após o período pandêmico, gerando padrões intensos de uso que muitos responsáveis têm dificuldade em regular. A nomofobia não deve ser vista apenas como excesso de tempo de tela, mas como uma relação emocional disfuncional com a tecnologia. A solução não está em proibir totalmente o celular, mas em reeducar o uso, estabelecendo limites saudáveis. Isso inclui horários definidos, ambientes da casa livres de aparelhos, supervisão ativa, incentivo a atividades offline e, principalmente, diálogo aberto sobre emoções e dependência digital. Quando tratada com atenção, a nomofobia pode ser reduzida e, em muitos casos, revertida. O caminho passa pelo fortalecimento do vínculo entre responsáveis e crianças, pela criação de rotinas equilibradas e pelo uso consciente da tecnologia como ferramenta — e não como necessidade emocional. Fontes consultadas: > Yildirim, C. (2014). Exploring the Dimensions of Nomophobia > Brasil. SECOM (2024). Guia sobre o uso de dispositivos digitais por crianças. > Panvel (2024). Uso excessivo de telas e saúde mental infantil. > Kaspersky (2020). Relatório sobre segurança digital e comportamento de jovens.